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NEMA reúne pesquisadores em Workshop sobre conservação da região do Albardão
23 de junho de 2021
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NEMA reúne pesquisadores em Workshop sobre conservação da região do Albardão

Nos dias 20 e 21 de junho, o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA) realizou com o patrocínio da Petrobras o Workshop Conservação da Região Costeira e Marinha do Albardão – RS. O evento ocorreu no balneário Cassino e contou com a presença de diversos pesquisadores e representantes do poder público.

As instituições convidadas foram a Marinha do Brasil, Superintendência dos Portos do Rio Grande do Sul, Ministério Público Federal, Ibama, Universidade Federal do Rio Grande, Museu Oceanográfico do Rio Grande, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação das Aves Silvestres, Projeto Albatroz, Projeto Tamar, Kaosa, Instituto Baleia Jubarte, Instituto Curicaca, Organização para a Conservação de Cetáceos, Estação Ecológica do Taim, Estação Ecológica de Tamoios, Parque Nacional da Lagoa do Peixe, Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde, Prefeitura Municipal de Santa Vitória do Palmar, Secretaria Estadual do Meio Ambiente.

Como previsto na programação do evento, foi realizada uma saída de campo até a região do Albardão, permitindo aos participantes a observação e a análise dessa localidade, monitorada de forma mensal pela equipe técnica do Projeto Pinípedes do Sul. Além disso, os convidados refletiram sobre a possibilidade de diferentes estudos voltados à conservação ambiental da região. Como resultado, a comissão organizadora do Workshop sintetizou as contribuições dos participantes, formulando um documento com as conclusões e possíveis medidas ambientais que podem ser implementadas como forma de contribuir para a conservação da região.

De acordo com o organizador do Workshop, Kleber Grübel da Silva, “o evento foi um marco na construção de estratégias para a conservação da região. Pesquisadores, conservacionistas e gestores ambientais do Brasil e do Uruguai realizaram uma extensa reflexão com o objetivo de salvaguardar os tesouros da biodiversidade do Albardão”.

Relevância ambiental e potencial turístico e esportivo

De acordo com o coordenador do Projeto Pinípedes do Sul, Sérgio Estima, “A região, com sua exuberância e diversidade de espécies da fauna e flora, pode ser um importante destino para turistas interessados em prestigiar as notórias obras da natureza do litoral sul do país. Já há registros da exploração da área por meio de expedições e eventos esportivos que atravessam a localidade”.

Conforme o coordenador de desenvolvimento institucional do Instituto Baleia Jubarte, José Truda “a região do Albardão é muito especial pois ela tem um imenso potencial para o ecoturismo internacional, não só pela presença das aves costeiras, mas também porque ela oferece uma paisagem que já é muito rara na costa brasileira com grande expansão e um relevante sítio paleontológico, a região dos concheiros”.

Já o coordenador científico do Projeto Albatroz, Dimas Gianuca afirma que “a região é utilizada como um relevante corredor costeiro que se configura como importante área de alimentação para aves migratórias que se deslocam desde países como o Canadá e Estados Unidos em um longa jornada para o sul da América Latina. Com isso, é importante destacar a relevância das áreas protegidas para assegurar locais adequados de pausa para que aves descansem, se alimentem e concretizem suas rotas migratórias para seguir sua jornada e habitar diversas regiões do planeta”.

A região do Albardão e sua biodiversidade

Localizada na planície costeira do Rio Grande do Sul, no município de Santa Vitória do Palmar, a região do Albardão é um dos recantos mais isolados do sul do Brasil. Esta porção arenosa, incrustada entre as águas límpidas da Lagoa Mangueira e as correntes frias do Oceano Atlântico, compõe um conjunto único de ecossistemas de elevada diversidade biológica.

Essa extensa praia arenosa, de grande produtividade, fornece abrigo e alimentação para dezenas de espécies de aves residentes e migrantes dos dois hemisférios. Nas dunas costeiras, espécies endêmicas em extinção, como o tuco-tuco e a lagartixa-das-dunas, também seguem os ciclos de uma natureza selvagem.

A região oceânica, com águas turvas, frias e produtivas, atrai centenas de espécies marinhas que buscam completar seu ciclo de vida. É uma importante área de crescimento e reprodução de espécies de elasmobrânquios ameaçados de extinção, como o cação-anjo, a raia-viola e o cação-bico-doce. As tartarugas marinhas (em especial a tartaruga–verde e a tartaruga-cabeçuda) também podem ser frequentemente observadas na região, que é ainda particularmente importante para a Toninha, o cetáceo mais ameaçado de extinção do Brasil.

A região do Albardão também possui grande importância para a viabilidade das pescarias comerciais. Uma vez protegida, poderá garantir a reprodução de dezenas de espécies comerciais de peixes e crustáceos, repovoando os estoques nas zonas pesqueiras adjacentes.

Ainda, grandes dunas móveis, com 20 metros de altura e 40 quilômetros de extensão, formam o Sítio Paleontológico do Albardão. Depósitos fossilíferos encontrados na praia (conhecidos como “Concheiros”) preservam registros de crustáceos, equinodermos, peixes, tubarões, raias, pinípedes e cetáceos. São especialmente notáveis os fósseis de mamíferos terrestres extintos da megafauna pleistocênica: tigres-dentes-de-sabre, preguiças e tatus gigantes.

Devido à sua relevância, a região do Albardão é definida pelo Ministério do Meio Ambiente como uma “Área prioritária para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”.

Sobre o Projeto

O Pinípedes do Sul, que tem o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, objetiva reduzir as ameaças à conservação das espécies de Pinípedes – o grupo de mamíferos marinhos que inclui as focas, leões e lobos-marinhos – e de tartarugas marinhas no sul do Brasil. Além disso, o projeto visa aumentar o nível de proteção de duas Unidades de Conservação onde há grande concentração desses animais – Refúgio de Vida Silvestre do Molhe Leste (São José do Norte, RS) e Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos (Torres, RS) – e desenvolver atividades de educação ambiental voltadas para comunidades pesqueiras.